O trecho a seguir foi feito a pedido da Marina. Se já leu o livro "Quer Apostar?" divirta-se com o que segue. Caso pretenda ler, o texto pode influenciar o seu entendimento da história, por isto, leia a seu próprio risco: é, como se costuma dizer, um spoiler, ou seja, estraga prazeres...
"Gevê
observa o irmão através do vapor que sobe do panelão de ravioloni. Ele inspira
o aroma do molho italiano que aguarda pronto numa grande frigideira e sorri
para ela. Naquele momento os dois são cúmplices na lembrança do Nonno Vertoni.
A
menina imagina como Neto vai reagir à surpresa que preparou para ele. Tem quase
certeza de que tudo vai dar certo no final, mas foi uma aposta e as chances de
ganhar ou perder são exatamente de cinquenta por cento, tanto uma quanto a
outra.
—
Irmão, cuida do vinho, por favor? — pede ela. — O abridor fica na primeira
gaveta.
Neto
pega o tinto na mesa posta para três e observa o rótulo. Aproveita e joga um
pedaço de queijo parmesão dentro da boca. O relógio em seu pulso mostra que já
passou da hora marcada para o jantar. Não é a toa que está faminto.
—
Meu estômago ruge de fome! Pontualidade zero, este teu namorado, Gevê. Ele é
sempre assim?
—
Você não tem ideia — brinca ela.
Quando
a rolha da garrafa sai com um estouro, a campainha toca. Gastão vai correndo
até a porta de entrada, escorrega nas patas e abana o rabo, ansioso.
—
Presto! Você faz as honras da casa, atende pra mim. Eu vou jogar o molho no ravioloni... — diz
Gevê, com um sorriso de orelha a orelha."